“Quase tudo volta a funcionar se você desligar por alguns minutos… Incluindo você mesmo.” — Anne Lamott
Todos nós, adultos, temos momentos em que nos sentimos sobrecarregados ou stressados e precisamos de uma pausa. Quantas vezes, durante o trabalho, pensamos que precisávamos de sair dali e ir para um sítio tranquilo, ou dar um passeio, fazer meditação ou ouvir música, ou estar simplesmente em silêncio.
Por vezes, as crianças também precisam de descomprimir. O desafio é encontrar uma forma de as ajudar a relaxar de uma forma segura.
Dar às crianças ferramentas concretas para ajudar a identificar e lidar com as emoções ajuda-as a adquirir as competências para regular as emoções de forma saudável.
É aqui que entram os Cantos da Calma, que podem ser criados em qualquer contexto.
Os Cantos da Calma não são locais de castigo nem não são estratégias de “time-out”. Na verdade, os cantos da calma são lugares felizes e tranquilos, seguros e reconfortantes, ou seja, um sítio onde a criança pode respirar fundo e regular as suas emoções antes que se tornem grandes demais e que não consiga lidar com elas.
Estes espaços podem ser adaptados à medida que as crianças crescem, permitindo que possam ser usados até à adolescência.
Quais são os benefícios de um canto da calma?
Ensina e treina estratégias de regulação emocional
Promove a autoconsciência (ajuda as crianças a praticar a identificação de sentimentos)
Promove a autonomia
Permite treinar a capacidade de resolução de problemas e a tomada de decisão responsável
Ajuda a controlar o comportamento impulsivo
Permite que as crianças saibam lidar com suas emoções intensas
Promove a autoestima e autoconfiança
Ajuda a prevenir o descontrolo emocional
Ajuda as crianças a desenvolver capacidades de comunicação mais eficazes e positivas
Incentiva a criança a pensar sobre formas alternativas de agir
Como criar e usar o canto da calma:
Escolha um local relativamente afastado, mas onde possa ter algum controlo sobre o que acontece, e a segurança deve ser a principal prioridade. Deve ser livre de outras distrações.
Inicialmente, pode ser necessário ficar com a criança, especialmente se ela estiver muito stressada ou angustiada. Também é importante elogiar a criança quando ela mostra sinais de autocontrolo. A partir de experiências repetidas, as crianças passam a valorizar o cantinho da calma e já serão elas a procurar aquele espaço, antes mesmo de ficarem muito chateadas.
Modele o comportamento- Converse com a criança sobre o que se espera dela enquanto ela está no canto da calma. Ensine a analisar os sentimentos, a identificar o que está a sentir. Depois ensine a criança a usar cada item ou objeto e exemplifique o que ela pode fazer neste espaço. Pratique técnicas simples de atenção plena e respiração que elas possam usar quando estiverem a sentir emoções muito intensas. Explique que, a seguir, a criança deve verificar novamente como se está a sentir. Se se sentir calma e pronta pode regressar às suas atividades (ou ao grupo em sala de aula). Caso contrário, não há problema em tentar outra estratégia. É importante explicar que não há problema em usar diferentes estratégias e verificar várias vezes como se está a sentir. A cada tentativa, as estratégias deves ajudá-la a sentir-se mais calma. Tanto quanto possível, deve ser a criança a assumir a responsabilidade de decidir quando regressar.
Em contexto escolar, certifique-se que os colegas não ficam a olhar para quem está no Canto da Calma. Isto pode ser um elemento sabotador deste espaço e que pode levar os alunos a usá-lo como forma de chamar a atenção dos colegas, reforçando os comportamentos negativos. Ensine os alunos sobre o que fazer quando outro aluno estiver no canto da calma. Deixe as regras claras e responsabilize os alunos.
Adicione itens sensoriais. Os itens sensoriais estimulam os sentidos e ajudam a devolver o corpo ao seu estado relaxado. Um puff, almofadas ou tapete felpudo, funcionam bem, assim como potes da calma, globos de neve ou bolas anti-stress.
Use recursos visuais - Em alturas de stress a criança pode não se lembrar do que deve fazer para se acalmar. Imagens ou representações gráficas ajudarão a definir as etapas que podem seguir para se autorregular e relaxar. Posters com imagens -emoção também são úteis, pois as crianças podem identificar facilmente o seu estado emocional atual e mostrar como se sentem - mesmo que não tenham vocabulário para se expressar.
Crie um espaço livre de tecnologia. Remova dispositivos como iPads, televisão, telemóveis ou brinquedos eletrónicos, para que a criança possa parar e pensar sem distrações.
Seja consistente. Ter noção de que pode levar algum tempo para a criança se habituar a este espaço. Seja paciente. Com a prática e orientação consistentes, a criança reconhecerá que o canto calmo é um espaço positivo e feliz, onde pode ir quando precisar de um momento para relaxar.
O que colocar no canto da calma?
Estas são apenas algumas ideias, mas que pode adaptar de acordo com a criança ou com o espaço disponível.
Para tornar a implementação do canto calmo mais eficaz, comece com poucas coisas. Escolha 2-3 estratégias para ensinar e 2-3 itens sensoriais para incluir. À medida que a criança se sinta confortável com eles, pode ir juntando outros objetos.
Depois de usar o Canto da Calma e deste fazer a sua magia, é importante conversar com a criança sobre os sentimentos que a levou ao canto da calma, como se sente agora e como esse comportamento a fez sentir. Isso ajuda a criança a entender o que aconteceu, identificar as emoções que experimentou e, o mais importante, aprender como lidar com situações semelhantes no futuro.
Para manter o canto da calma eficaz, certifique-se de observar o que resulta e o que não faz sentido. O Canto da Calma não é um espaço estático, mas sim algo dinâmico, em que pode ir adicionando ou removendo coisas, ajustando as expectativas. Pode levar algum tempo para descobrir o que funciona melhor para as crianças, mas depois será uma mais valia!
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