" A capacidade de empatia leva a um encontro genuíno, em que o coração fala ao coração." (Papa Fracisco)
Num ano em que muito se tem falado e escrito sobre a creche e sobre a procura desta resposta social, as narrativas pouco ecoam sobre a história dos intervenientes: bebés, famílias e equipas.
Em setembro todos se preparam para mudanças, inícios, regressos, novidades… setembro é o mês!
Em sua casa, a família espera ansiosamente pelo momento em que irá ser acolhida pela equipa que cuidará do seu “bem mais precioso”. Nesta espera há um misto de ansiedade, preocupação e de muitas dúvidas. Há a esperança de que aquela creche seja a continuidade daquilo que se acredita serem os valores ideais e a melhor forma de educar a “sua” criança.
Em simultâneo, na creche, a equipa faz os últimos preparativos para acolher quem chega: o bebé e a sua família. Entre ter tempo para conhecer o bebé e a sua família, a adequação dos espaços, há que pensar em todos os aspetos da rotina de cada bebé, preparar instrumentos, materiais, documentar-se e, num misto de alegria e ansiedade, iniciar todo um novo percurso, muitas vezes na companhia de uma nova equipa de sala.
E quando chega finalmente o primeiro dia, neste misto de ansiedade, expetativas e emoções dos adultos, há um bebé!
A família chega com o seu bebé nos braços e a equipa faz de um tudo para os fazer sentir bem, escutar e sobretudo perceber como poderá acolher aquele bebé, que dentro de dias lhe será confiado.
E o bebé? Que emoções experiencia? Felizmente grande parte das creches já permite uma adaptação gradual do bebé e da sua família, assegurando que neste processo de mudança sejam respeitados os seus tempos e ritmos. Para que se sinta seguro, o bebé precisa que a família o ajude a legendar esta nova realidade: apresentar-lhes os novos adultos (equipa), fazê-lo sentir que fica seguro com eles, estar no mesmo espaço, assegurando que família, bebé e equipa brincam em conjunto e conversam para se conhecerem!
Este novo espaço está cheio de estímulos diferentes daqueles que o bebé conhece do seu contexto familiar: cores, sons, cheiros e sabores. Há sobretudo algo que poucos reconhecem: o choro de outro bebé. Esse é um dos maiores desafios na adaptação e sobretudo um dos maiores fatores de stress para as equipas. Os bebés choram porque a forma de adormecer é diferente, o cheiro do adulto é diferente, a comida tem outro sabor e o choro dos outros, por vezes, pode parecer assustador. E a equipa quer sobretudo tranquilizar cada um deles, respeitando os seus hábitos, necessidades e preferências.
Se existe uma competência socioemocional que é fundamental neste momento da vida de todos estes intervenientes, será a EMPATIA. A creche é sobretudo um lugar de afetos e emoções, porque estamos a falar de pessoas e de relações que se vão criando desde o primeiro dia!
Perceber o que cada um está a sentir nesta fase é fundamental para uma boa adaptação. Ser sensível com as emoções da família, ser atento e dedicado com as necessidades do bebé e ser compreensivo com aqueles que cuidam.
Setembro é o mês, mas que seja o mês de nos empatizarmos com aqueles que agora chegaram às nossas vidas, de acolher a diferença com oportunidade e de respeitarmos e compreendermos os que nos tentam apoiar.